O tipo de metástase padecida determina o tipo de cuidados paliativos que devem ser priorizados.

Como já foi analisado na nota O que são e para que servem os cuidados paliativos? Os cuidados paliativos estão focados na melhoria da qualidade de vida dos pacientes.

No caso do câncer de mama existem 4 tipos de metástases comuns: a de cérebro, ossos, fígado e pulmão. Cada um deles tem seu próprio quadro de evolução física, portanto, a prioridade e atendimento dos cuidados paliativos variam de acordo com o tipo de metástase, segundo explica a Dra. Silvia Allende, chefe de Cuidados Paliativos do Instituto Nacional de Cancerologia. México.

“Os cuidados paliativos personalizam-se, atendendo os sintomas específicos para cada tipo de metástase.”

Metástase cerebral

Com a introdução de novos medicamentos e técnicas de radioterapia, conseguiu-se prolongar o período de vida dos pacientes com metástase cerebral, mas acima de tudo, melhorar a qualidade de vida. Os cuidados paliativos na parte física concentram-se em evitar que haja aumento da pressão dentro do crânio e com isso, perdas funcionais de um braço, uma perna ou a impossibilidade de comunicar-se.
Os psicólogos e terapeutas buscam preservar a capacidade cognitiva para que os pacientes possam expressar suas ideias e conviver no dia a dia e evitar, se possível, a perda das capacidades e talentos, e manter uma boa qualidade de vida.

Metástase óssea

Geralmente nesta doença óssea metastática, a prioridade é o controle da dor. Sabe-se que a maioria dos receptores da dor estão localizados na camada externa que recobre o osso, e quando esta inflama-se, manifesta-se dor generalizada o qual pode ser tratado.
Também, leva-se em conta a fragilidade dos ossos, já que as metástases geralmente afetam os ossos longos como o fêmur, o quadril, o úmero e a coluna que os quais são os ossos que suportam maior peso. Assim sendo, nestes casos busca-se evitar.

Os ossos são os principais produtores de cálcio, por isso é importante estar alerta perante a possível presença de um quadro de hipercalcemia, ou seja, que os ossos liberem cálcio em grandes quantidades no sangre e este sangue com cálcio, ao passar pelo cérebro causem turvação. Há um tratamento específico hospitalar para a hipercalcemia, a qual deve ser atendida com a maior prontidão possível. A família é preparada para que possa detectar sinais de alarme como mudanças cognitivas, tais como se a paciente apresenta problemas para raciocinar e atuar normalmente, se tem contrações de músculos ou incapacidade para comunicar-se.

Metástase hepática

Quando a metástase afeta o fígado, os cuidados paliativos focam-se em evitar um quadro de encefalopatia hepática que pode trazer dor ou distensão da cápsula hepática o que pode provocar dor.
Outro fenômeno que pode apresentar-se está relacionado com a falha do fígado, à medida que o fígado perde a sua capacidade de depuração, as toxinas se acumulam no sistema circulatório e ao passar esse sangue com toxinas pelo cérebro, experimenta-se uma dificuldade para pensar com clareza, perda das capacidades e talentos com uma tendência à sonolência. A família é preparada para o manejo alternativo, caso isso aconteça.

Metástase pulmonar

Quando os pulmões estão afetados, a prioridade é controlar a dispneia (dificuldade para respirar) já que sentir-se sufocado é uma das maiores preocupações das pessoas que o padecem. Este tipo de metástase provoca dois tipos de lesões, uma que apresenta tumores isolados dentro do parênquima pulmonar, e que geralmente não causa tanto sufoco ou dispneia, e aquelas que provocam derrame pleural, que gera água dentro do pulmão e limita a capacidade de expansão do pulmão que é como um fole, o que provoca a dispneia.
A grande maioria destes pacientes são drenados para reestabelecer a função desse fole para que possam respirar com maior facilidade. Para o tratamento também se usam medicamentos que melhoram a saturação e evitam o acúmulo de CO2 em nível do bulbo raquidiano e diminuem a sensação e percepção de asfixia.

Fontes: Silvia Allende, Jefe de Cuidados Paliativos del Instituto Nacional de Cancerología. México.
Realizado por: Gloria María Aguiar Green para Fundación Cima